segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Terra Estrangeira


 
Aqui, da Terra Estrangeira, vejo que
Por mais longe que se vá.
  Pouco se anda.
 
Mudam-se os ares
Mas estamos sob o mesmo sol,
Respirando da mesma atmosfera.
 
  Do meio da taba se nota
  Que são os silvícolas
  Outros.
  Mas ainda existem caciques (muitos) e pajés,
  E findaram-se os amenos verdores.

Há amplidão,
Desolação não falta.
Só não há para onde ir.

  E DAÍ? E DAÍ?

Se são tantos e tão longos os caminhos,
Por que sempre levam a lugar nenhum?
Se tão distantes são os pontos,
Por que essa absurda semelhança entre os pólos?

Áspera e árida Terra Estrangeira,
Onde amantes estranhos se tornam,
E famílias (des) fazem sob o cálido manto da hipocrisia,
Enquanto cunhãs se vendem na noite fria
E curumins se corrompem com cola, chás e pastas...

Os caciques porém, se refestelam com finos licores,
O malte d’além mar, substitui o cuçumã
Da aldeia.
  E DAÍ? E DAÍ?

Se para isso se criaram os silvícolas,
Macho e fêmea, homem e mulher,
Para baticuns e a luxúria de tuxauas e pajés,
Para que cedam as costas às cargas e aos prazeres
De pequenos e obscenos deuses,
De imerecidos totens,
De imorredouros tabus.
  E DAÍ? E DAÍ?

Se ainda existe aurora e ocaso,
Se a matéria de fomos feitos
Sempre se amolda e jamais
Acaba.
Se cada golpe é respondido com
A sabedoria do silencio, que a tudo acata
Que a todos repudia e denuncia.
 


  Não importa para onde vão,
  Não importa quando chegarão,
  Não importa quão selvagens e opressivos
  Tenham sido pajés, caciques ou guerreiros.
 
Ainda assim nos moveremos  em torno do sol.
E, nas noites frias, cunhãs corromperão seus
Corpos.

  Mas a alma guerreira permanece...


       

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A culpa é de todos nós

Essa semana que passou foi divulgada pelas redes sociais, uma matéria de maio deste ano, da Agência Brasil, onde o Brasil mais uma vez surpreende: somos o sétimo país do mundo em assassinato de mulheres. Viu só? É Brasil na cabeça, mais uma vez. Comemorem com fogos de artifício e tiros (ui) para o alto. As demais nações se curvam diante de nossa potência...
Ironias à parte me pergunto; o que se pode esperar de um país, onde o velho chavão “lavou a honra com sangue”, ainda coabita indecentemente na casa ao lado, no apartamento acima? O que esperar de uma terra onde para ser homem faz-se necessário gostar de futebol, coçar as partes em lugares públicos, cuspir no chão e descrever em detalhes nádegas e seios? Que avanço cultural se pode esperar de um povo que mede a masculinidade pelo tamanho do pênis, e a autoridade se firma aos berros, como em um balé de rufiões?
Sou um homem perplexo ante esse Brasil (il il il!!), que se apresenta como presente e futuro. Via até com certa esperança meus compatriotas conversando ao café, sobre ciberespaço, e que estamos preparados para fabricação de notebooks, tablets e o que mais se lance nesse tecnológico mundo da atualidade. De dentro de nossas casas alcançamos o mundo e universo ao toque de botões...
Mas na verdade ainda vivemos como jagunços e cangaceiros, em um país de coronéis e compadres. Ainda habita a conivência do silencio para com a morte e maus tratos de mulheres de ponta a ponta desse país grande.  Deus meu, o que podemos esperar de uma terra em que a incompetência afetiva termina em crime e tragédia? Leis são feitas para nada, onde a cultura não modifica e silenciosamente a sociedade sorri e concorda.
Lembrei-me de uma meia discussão com uma amiga, quando há algum tempo postou sua foto, feliz e satisfeita, ao lado de um “famoso”, que mais famoso ficou ainda ao distribuir umas bordoadas em sua companheira e em mais uma mulher que se pôs a defendê-la. Estranhei o fato, e comentei que para ele não daria nem bom dia, quanto mais tirar uma foto sorridente. Qual não foi minha surpresa quando não só a minha amiga, como várias outras mulheres (a maioria jovem, na faixa dos 30), começaram a defendê-lo com veemência. Algumas chegaram a falar que não se sabia o que a outra, havia dito ou feito. Outras falaram abertamente que provavelmente ela tinha “merecido”?!?! Mais um pouco defenderiam mesmo os que “matam por amor”.
Infeliz neste país, quem pensa que pelo simples fato de nossos trogloditas apertarem os botões certos, já atingiram sua plenitude humana. Parecemos isso sim, aqueles macacos treinados pela NASA, que sabem quais botões devem apertar, sem a mínima noção de consequência. Tornando-nos provavelmente algo mais vil e execrável que qualquer outro ser vivo sobre a face da Terra.
Podem fazer leis, podem mesmo aplicar essas leis, condenando e recolhendo às prisões esses psicopatas... Nada vai mudar enquanto a mente de todos nós não mudar também.
A mudança é cultural, a mudança é educacional. É preciso que se ensine dia após dia, que todo ser humano é sagrado. É preciso que todos nós saibamos, urgentemente, que quando um crime desses acontece, todos somos algozes.