“Quem sabe, o Super-Homem venha nos restituir a glória,
Mudando como um Deus o curso da história,
Por causa da mulher...” (Super-Homem, a Música – Gilberto Gil)
E no princípio do mundo, quando tudo era perfeito, a Mulher tentou o Homem, fazendo-o comer do fruto da Árvore da Vida. E a partir daí, toda a desgraça da humanidade começou. Assim nos conta o livro de Gênesis, passando para a Mulher a culpa de todos os nossos males e mazelas.
Já na mitologia grega encontramos quase que a mesma história, quando Pandora, não conseguindo conter sua feminina curiosidade, abre a caixa que libertaria todo o mal; a Peste, a Guerra, a Fome... (E aqui se faz necessário um parêntese, uma vez que os gregos contam que Pandora libertou também a Esperança, sendo um pouco mais legais com as mulheres que os hebreus.)
Mas vejam só, tanto para judeus, quanto para gregos, a Mulher foi capaz com seu perverso poder, de retirar o mundo do paraíso perfeito, nos atirando ao caos. E toda a cultura ocidental (nossa) tem por base essas duas; a grega e a judaico-cristã... Parecem querer dizer que quando vemos uma mulher sofrendo das várias e variadas violências e violações, bem elas merecem...
Ah, mulheres, mulheres, parece que quanto mais desejadas, mais odiadas; quanto mais amadas, tanto mais oprimidas; quanto maior o seu sucesso, maior também é o ódio e a inveja que as acompanha.
Afinal, não foi isso que as estórias e histórias nos passaram a vida inteira; que o poder, por menor que seja, quando em mãos femininas é extremamente perigoso? Que a aproximação excessiva de homem e mulher tira a pureza dos homens, trazendo males indescritíveis para toda a humanidade?
Colocando os exageros de lado, há certa verdade nesses mitos. Porque na prática é sempre através de uma mulher que nós homens abandonamos a inerte inocência, ultrapassando assim a linha divisória entre meninos e homens. A primeira experiência amorosa (amorosa, e não sexual!!), quando predador vira presa, e a caça se transforma em doce armadilha, é a fronteira sem a qual não poderemos, os homens, jamais definir ou distinguir o quanto vale a vida, com seus males, e todo o bem que só o amor de uma mulher pode nos dar.
É daí que vem todo o medo (e a maldita violência que o acompanha), é que ao experimentarmos do fruto oferecido por uma mulher, - ou quando uma mulher nos abre a caixa – nenhum homem jamais será o mesmo, nenhum menino suportará continuar sendo criança. E daí as desgraças serão liberadas, uma vez que a perda da inocência, a saída do paraíso, traz em si a responsabilidade para assumir o mundo, com suas dores, seus prazeres, e suas conseqüências.
É como se nos tivessem ensinado as histórias certas, mas com a interpretação errada. A perda da inocência, do viver em um eterno Jardim do Éden, não significa um castigo, mas o marco de nossa maturidade. Maturidade essa que começamos a atingir quando, pelas mãos de uma mulher, experimentamos do fruto da Árvore da Vida.
PS: Desculpem o atraso de alguns dias, mas na verdade esse texto vale pelo Dia Internacional da Mulher, na esperança de que algum dia entendamos como o “Super-Homem”, que a mulher deve ser amada e admirada todos os dias.