quinta-feira, 13 de outubro de 2011

COMO OS URSOS




Esse gozar a vida, não pode ser meio e fim. Não. Fomos criados para algo além, que as sextas não contam, e os sábados escondem em seus mantos.
Longo é o anoitecer, e o inferno em meus olhos quando te buscam, queima mais frio e contínuo que a bola do crepúsculo. Terão também lobos direito ao entardecer, ou será privilégio de cães assistir a queda do sol.
Ah, irmão, por onde tens andado? Teus passos desviaram-se tanto quanto os meus nestes descaminhos vertentes e nus? Também tu foste tentado diante do cofre, mas não tanto que te fizesse esticar  a mão? Também foste ridículo quando “só príncipes havia a volta”?
Ah, irmão, irmão, que falta nos faz a fogueira, e as cantigas de bruxas e espadas. Que saudades da honra, justiça e glória. Que desesperada nostalgia pelo cavalo, lança e escudo, e nada a temer que todos os dias são de prova e justa, suor e lida.
Há quanto não enfrentas dragões e magos?
Vem, desfralda também o teu pendão, e armemos pavilhões em desafio ao barão.
Vem, afia a tua espada, desembainha punhais, aquece a têmpera do aço em teu sangue nobre.
Vem, e não esperemos prêmios, só o verdadeiro valor do dever cumprido.
Vem, e não te importes com a aparência de moinhos, são ogros na verdade, que temos de enfrentar.
Vem, e que a alma dos loucos e dos ursos nos acompanhe.

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