quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Diante do Espelho

  

E ninguém ouvirá seus passos sobre o calçamento na noite. O que fizeste há minutos poderá ser totalmente esquecido, já que nem mesmo tu tomaste consciência sobre o que tuas agressivas e insaciáveis mãos buscaram em luxúria, ódio ou desejo. Não é preciso correr...

Meu fantástico amigo hoje já se pode dispensar capa e máscara. O descaramento generalizado torna o embuçar-se coisa antiga, cheirando a mofo e naftalina. E sobre o caráter...

Afinal, foram criadas as sextas para golpes, assassínios e orgias (sai imediatamente dessa cama quente!!). Se tua consciência ainda te incomoda, deita-a fora e padroniza-te pelas mais modernas filosofias. Dos objetivos absolvendo os modos, de tudo vale na conquista de “status-quo”, de prazeres ou de uma rápida redenção.

A mim podes confessar sem susto – já meus olhos não se maravilham ou assustam após séculos vendo o mundo – conta se te alivia que o desejo é a melhor forma de amar, e que, mais que a fúria, a simples curiosidade de sentir e ver um corpo expirar foi o que te levou ao homicídio.

Eu compreendo. E não poderia atirar a primeira pedra sem correr o risco de receber algum estilhaço. A verdade não se deve mais envolver em sedas e veludos (é preciso que aflorem os espinhos). Por maior que seja tua repulsa, olha-te, este é o teu raso, a sobra da massa em que te transformaram e que hoje (sem um tremer de cílios!) contemplas.

Faça um bom proveito de ti...

Um comentário:

  1. Muito bom Dilson. Não é sempre que posso andar pelos blogs, mas, o seu é um que tenho que ler sempre que venho por aqui.
    Uma abraço.

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