sexta-feira, 11 de março de 2011

Esse objeto do desejo

“Quem sabe, o Super-Homem venha nos restituir a glória,
  Mudando como um Deus o curso da história,
  Por causa da mulher...” (Super-Homem, a Música – Gilberto Gil)

         E no princípio do mundo, quando tudo era perfeito, a Mulher tentou o Homem, fazendo-o comer do fruto da Árvore da Vida. E a partir daí, toda a desgraça da humanidade começou. Assim nos conta o livro de Gênesis, passando para a Mulher a culpa de todos os nossos males e mazelas.
         Já na mitologia grega encontramos quase que a mesma história, quando Pandora, não conseguindo conter sua feminina curiosidade, abre a caixa que libertaria todo o mal; a Peste, a Guerra, a Fome... (E aqui se faz necessário um parêntese, uma vez que os gregos contam que Pandora libertou também a Esperança, sendo um pouco mais legais com as mulheres que os hebreus.)
         Mas vejam só, tanto para judeus, quanto para gregos, a Mulher foi capaz com seu perverso poder, de retirar o mundo do paraíso perfeito, nos atirando ao caos. E toda a cultura ocidental (nossa) tem por base essas duas; a grega e a judaico-cristã... Parecem querer dizer que quando vemos uma mulher sofrendo das várias e variadas violências e violações, bem elas merecem...
         Ah, mulheres, mulheres, parece que quanto mais desejadas, mais odiadas; quanto mais amadas, tanto mais oprimidas; quanto maior o seu sucesso, maior também é o ódio e a inveja que as acompanha.
         Afinal, não foi isso que as estórias e histórias nos passaram a vida inteira; que o poder, por menor que seja, quando em mãos femininas é extremamente perigoso? Que a aproximação excessiva de homem e mulher tira a pureza dos homens, trazendo males indescritíveis para toda a humanidade?
         Colocando os exageros de lado, há certa verdade nesses mitos. Porque na prática é sempre através de uma mulher que nós homens abandonamos a inerte inocência, ultrapassando assim a linha divisória entre meninos e homens. A primeira experiência amorosa (amorosa, e não sexual!!), quando predador vira presa, e a caça se transforma em doce armadilha, é a fronteira sem a qual não poderemos, os homens, jamais definir ou distinguir o quanto vale a vida, com seus males, e todo o bem que só o amor de uma mulher pode nos dar.
         É daí que vem todo o medo (e a maldita violência que o acompanha), é que ao experimentarmos do fruto oferecido por uma mulher, - ou quando uma mulher nos abre a caixa – nenhum homem jamais será o mesmo, nenhum menino suportará continuar sendo criança. E daí as desgraças serão liberadas, uma vez que a perda da inocência, a saída do paraíso, traz em si a responsabilidade para assumir o mundo, com suas dores, seus prazeres, e suas conseqüências.
         É como se nos tivessem ensinado as histórias certas, mas com a interpretação errada. A perda da inocência, do viver em um eterno Jardim do Éden, não significa um castigo, mas o marco de nossa maturidade. Maturidade essa que começamos a atingir quando, pelas mãos de uma mulher, experimentamos do fruto da Árvore da Vida.

PS: Desculpem o atraso de alguns dias, mas na verdade esse texto vale pelo Dia Internacional da Mulher, na esperança de que algum dia entendamos como o “Super-Homem”, que a mulher deve ser amada e admirada todos os dias.

2 comentários:

  1. Obrigada pela linda homenagem! Acho que a data ficou meio esquecida pelo Carnaval, mas é claro que você nao ia se esquecer... =D

    Beijos!

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  2. Você teria arrancado de mim algumas lágrimas (exagerada) se eu não estivesse no trabalho fazendo uma pausa pra prestigiar sua homenagem. Você (o senhor, por respeito maior), como sempre o filósofo das questões simples da vida, resgatando coisas que muitos não se lembram mais. Sei que poderias, aqui, escrever aquele doce puxasaquismo... Mas, como apaixonado que és pela mulheres da sua vida (esposa e filha) sabia que não deixaria por menos... Parabêns!Aguardo as próximas postagens.

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